26 de outubro de 2014

AMANTES ETERNOS, a.k.a. Todo mundo tem problemas familiares


Direção: Jim Jarmusch
Ano: 2013

Amantes Eternos me pegou seu pelo trailer, por ser um filme de Jim Jarmusch e, claro, por ter Tom Hiddleston e Tilda Swinton como elenco principal. Mas eu não esperava, sinceramente, um filme tão bom assim. E que trilha sonora!

Quando todos (ou apenas eu, sei lá) achavam que filmes com vampiros já haviam saído de moda, eis que Jarmusch cria essa beleza que retrata, acima de tudo, o amor e a habilidade que temos de nos adaptarmos às diversas situações nas quais nos vemos.

Adam e Eve (com uma sugestão de nomes como essa, como não se perguntar se eles seriam, de fato, Adão e Eva?) são casados há séculos, passaram por diversas eras da raça humana, aparentemente, sempre juntos. Apesar de morarem em casas separadas, seu amor é forte e, ao notar um momento de tristeza e fraqueza por parte de Adam, Eve sai de sua casa no Tânger para encontrá-lo na abandonada Detroit.


O que vemos até então é um fotografia estupenda, quase uma poesia, e um casal com visões de mundo (e visões de sua condição, também) tão diferentes, que se complementam. Mas, tanta harmonia não poderia se manter para sempre, principalmente quando a irmã de Eve, Eva, que entendemos ser uma doida desvairada que deixou uma confusão atrás de si da última vez em que esteve com o casal, surge na casa de Adam.

As referências artísticas – a maioria delas atribuídas ao próprio Adam – ao longo do filme são um toque especial de Jarmusch – John Hurt interpreta o dramaturgo Christopher Marlowe, aqui um vampiro também  e, juntos, todos compartilham de um mundo (o nosso mundo atual) decadente, onde as pessoas aprendem novas maneiras de se destruírem. As referências à AIDS, com o sangue contaminado do qual eles devem ter cuidado, e o desânimo de Adam em relação à raça humana – o zumbis, segundo ele, servem de reflexão sobre os caminhos da sociedade. Se realmente existissem pessoas que acompanharam toda a história da humanidade, o que elas pensariam?


Enquanto Adam mantém seu foco na deterioração dos humanos, Eve vê sua existência como uma oportunidade de alegria, observação e aprendizado. Eles vivem uma vida sem pressa, seus movimentos são relaxados e sua sintonia nos faz crer que eles poderiam, sim, ser um casal que está junto há séculos.

Agora, a pergunta que não quer calar. Como um Tom Hiddleston se apaixonaria por uma Tilda Swinton? Nunca, na minha humilde opinião, ela conseguiu ser tão atraente e sexy, com sua androginia (adicionando, também, um cabelo albino esponja) e sua brancura vampiresca transformadas em imã, também, para o espectador.


Amantes Eternos é um desses filmes para ver muitas vezes, até perder a conta. Se existir um céu onde podemos ver filmes, quero adicionar esse à minha lista.

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