12 de outubro de 2011

CINEMA PARADISO, a.k.a. Prepare seu bolso para 1 kg de lenços de papel!


Direção: Giuseppe Tornatore
Ano: 1989

Muitas pessoas me recomendaram esse filme – e sim, era unânime! TODO MUNDO que havia visto o filme comentava sobre o quão maravilhoso ele é, e como uma (ex) estudante de Cinema não poderia deixar de assisti-lo. E justo por causa disso, eu deixei. E hoje, sete anos após meu “ingresso” na faculdade de Cinema eu finalmente assisti a Cinema Paradiso.

Será que dá pra fazer um resenha sobre um filme desses? É difícil... só consigo pensar em adjetivos soltos – como maravilhoso, estupendo, perfeito – mas não dá pra encher um texto só com isso né?



De verdade, a resenha não faz nenhum jus à beleza do filme (fora que, eu posso estar enganada, mas notei um erros gramaticais aí)... mas, continuando.

Nos anos que antecederam a chegada da televisão (logo depois do final da Segunda Guerra Mundial), em uma pequena cidade da Sicília o garoto Totó (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e procurou travar amizade com Alfredo (Philippe Noiret), o projecionista que se irritava com certa facilidade, mas parelamente tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança, quando agora Toto (Jacques Perrin) cresceu e se tornou um cineasta de sucesso, que recorda-se da sua infância quando recebe a notícia de que Alfredo tinha falecido.

O impressionante deste filme é que, como muitos filmes italianos de até pouco tempo atrás, o som consegue ser pior do que o som do nosso cinema e, no início do filme – já que não estamos “enfeitiçados” ainda com sua história, é um fator que sim, incomoda um pouco. Tanto que, da primeira vez que tentei ver o filme, dormi logo na primeira cena, em que a mãe de Salvatori o avisa da morte de Alfredo (to me preparando pra ser linchada agora pelos enlouquecidos por Cinema Paradiso).


Mas hoje, já que eu estou há muito tempo doida para ver um filme “inteligente”, quando fiz minha escolha foi para assisti-lo até o final. E pode parecer mentira, mas quando a câmera começa a nos mostrar a infância de Salvatori (é, foi a cena seguinte à que eu dormi), parece que aquilo que está acontecendo na nossa frente deixa de ser cinema e passa a ser mágica!

Totó é a criança mais fofa e endiabrada! E até eu estava ficando um pouco irritada com ele. É muito bom ver filmes fora do padrão hollywoodiano, e depois de um tempão só vendo filme enlatado percebe-se muito a diferença: não se parte do princípio de que o telespectador é um idiota que não sabe entender as coisas quando elas são sugeridas, ou até mesmo escancaradas – é preciso dizê-las! Ah, mas como isso me irrita. E em Cinema Paradiso nada é explicado – é só prestar atenção para se entender porque as pessoas agem como agem, que a história se passa numa cidadezinha pobre de uma Sicília ferida após a Segunda Guerra Mundial.


A maturidade que o filme adquire é linda também: durante a infância, Totó descobre o cinema, fica amigo de Alfredo, dorme durante a missa e estuda em uma escola tirânica. Mas, mesmo chegando à conclusão de que seu pai morrera na guerra, sua vida é repleta de alegrias e diversão. Já o Totó adolescente precisa lidar com o amor, com a responsabilidade de um emprego cada dia mais determinador do seu futuro, e da possibilidade de fugir deste futuro.

É bonito ver um filme desses que acaba nos tocando porque nos lembram de nós mesmos. Quantas pessoas não tocaram a nossa vida sem terem ideia de o terem feito, e quantas vidas tocaremos sem que o saibamos? Às vezes as coisas há muito esquecidas voltam como se tivessem acontecido conosco ontem.


E essa linda homenagem de Tornatore ao cinema é isso: os filmes, as cenas, os sentimentos que temos quando estamos na salinha escura – com apenas aquela luz lá no alto e que quase nunca damos importância – são a nossa vida. O cinema é sentimento, e o cinema é memória.

Um comentário:

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