24 de novembro de 2010

BARRY LYNDON, a.k.a. Quem vê cara não vê conta bancária!



Direção: Stanley Kubrick
Ano: 1975

"Como pode um pobre irlandês se tornar da nobreza da Inglaterra no século XVIII?"

Baseado no livro "As Aventuras de Barry Lyndon" de William Makepeace Thackeray, o filme narra a história de Redmond Barry, um irlandês sem grandes posses, e sua odisseia até o alto patamar da sociedade inglesa, seguido de sua queda. Ou seja, nada mais é do que um conto sobre a ascensão de um jovem inocente e a queda do homem frio em que ele se tornou.

É um filme extenso, e Kubrick se utiliza de diálogos muito inteligentes, uma trilha sonora vencedora do Oscar, longos silêncios e uma narração que me lembrou outro filme - A Festa de Babette. Li em diversos lugares que Kubrick se doou, corpo e alma, para este projeto. E deve ter sido verdade, pois é o que vemos também em Laranja Mecânica, 2001 - Uma Odisséia no Espaço, O Iluminado... Enfim, a fotografia é, como podemos dizer, renomada: é como se cada locação e o cuidado dos planos transformassem o filme em uma obra-prima visual por si só - mesmo que não houvesse história nem nada mais.



Mas, gente, que filme longo! Foram 185 minutos muito belos, mas todo o silêncio que, com certeza, tinha como objetivo ressaltar o visual do filme, acabou transformando em um martírio o ato de terminar o filme em uma tacada só (isso porque já tinha começado a ver outras vezes, e sempre desistia bem no comecinho).

E há a questão da iluminação. O que dizem é que Kubrick utilizou luzes naturais durante todo o filme, justo para que pudéssemos ter uma impressão de veracidade da época. E que as cenas em que os personagens conversavam à luz de velas foi filmada com uma câmera especial "emprestada" pela NASA que, boladona, era a única com tal tecnologia na década de 1970.

Mas, mesmo com a lentidão (que no final do filme já estava me vencendo), é uma história muito interessante - pois além da transição do caráter de Barry Lyndon citada acima, o que vemos é o retrato do século XVIII, com toda a politicagem, os preconceitos, a pompa, a honra e a importância de uma posição social.



Das 07 indicações que recebeu ao Oscar, ganhou 04 - Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora e Figurino. Ryan O'Neil, mais conhecido pelo filme Love Story, está estupendo. Além de ser o rosto do momento da época, ele conseguiu provar o talento ao interpretar um protagonista que é praticamente um camaleão, sendo ao mesmo tempo bom e mau. Barry Lyndon pode muito bem ter sido um dos primeiros anti-heróis do cinema da maneira em que este conceito é aplicado hoje em dia.

Um comentário:

  1. Barry Lyndon é maravilhoso. Concordo que poderia ser um pouco menor, pois tive que fazer pausas pra alongar as pernas! haha... mas é, sem dúvida, uma prova do perfeccionismo de Kubrick. Poesia, poesia...!

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