15 de agosto de 2010

LITTLE ASHES, a.k.a. Às vezes é melhor ser quadro do que pintor!


Direção: Paul Morrison
Ano: 2008

Vou confessar uma coisa: o que me fez descobrir a existência do filme Little Ashes foi, sim, a presença de Robert Pattinson nele. Não sou fã dele, não. Na verdade, depois de ver os três lixos da saga Crepúsculo e o terrível e previsível Lembranças, resolvi que essa seria a última chance que eu daria ao Rob no quesito atuação. Até porque, vamos combinar, em Little Ashes ele é ninguém mais, ninguém menos que Salvador Dalí – e o que havia me incomodado nos outros filmes que eu vi com o sujeito, foi o fato de ele estar sendo sempre a mesma pessoa, com os mesmos trejeitos, “tenho uma revolta dentro de mim...”.

Long story short... o filme é bem legal; já a atuação do Robert, não. O filme começa contando sobre a chegada de Salvador Dalí em Madrid, 1921, indo estudar belas artes. Ele fica hospedado na mesma república em que estavam Federico Garcia Lorca e Luís Buñuel. A princípio, o filme tenta mostrar um pouco da estranheza já prematura de Salvador, o fato dele se acostumar com as novas amizades, a vida social desses artistas enquanto pessoas mesmo, pontuando essa boemia com o desenvolvimento de suas respectivas artes.


O passo seguinte do filme – e o ponto principal da história deste – é, se baseando em declarações posteriores de Salvador Dalí, recriar o romance, ou a amizade-romântica, ou o quase romance que Salvador teve com Federico. Este último era homossexual assumido, e o filme mostra um clima de sedução entre os dois – para, em seguida, mostrar um Luís Buñuel percebendo esta situação e tratando de afastar Dalí e Garcia Lorca. No Wikipedia, fuçando as biografias dos três personagens, o que é dito é que Luiz Buñuel afasta Dali de Garcia Lorca pois ele era extremamente homofóbico... mas, sabe o que o filme transmite? Um certo ciuminho da situação, onde, toda vez que Buñuel ia falar com Garcia Lorca, lá estava Dalí. E vice-e-versa.

Mas, resumindo isso aí, depois de um verão afastados – em que, tanto Dali quanto Garcia Lorca voltam para suas casas e se escrevem constantemente, explicitando saudades e relatando o quanto o outro estava servindo de inspiração para sua escrita/seus quadros. Quando eles voltam para a república, Luís Buñuel enfia na cabeça (já egocêntrica) de Salvador Dalí que este seria muito mais valorizado em Paris. Salvador resolve ir, Federico fica desolado e, a partir daí, o ator que fez o papel de Luís Buñuel praticamente ficou desempregado.


Enfim, o filme pula no tempo – de forma imperceptível pra arte, pois, tirando os bigodes de Salvador, não rolou nem uma maquiagenzinha envelhecedora – e se passam 8 anos, se eu não me engano. Salvador Dalí e Luís Buñuel filmam Um Cão Andaluz (1929), deixando Federico Garcia Lorca revoltado, pois ele acredita ser ele o cão – já que ele nasceu em Andaluzia. Vemos também Dalí conhecer sua futura mulher, Gala Éluard, mas o filme não mostra que, depois de conhecê-la, ele e Buñuel brigam no meio das filmagens de L'âge d'Or (1930).

Conforme o tempo vai passando vemos mais manifestações homofóbicas nas ruas de Madrid, indicando que a Guerra Civil Espanhola está para arrebentar. Dalí volta para Madrid e convida Garcia Lorca para uma reunião que, primeiramente, trata de negócios, para depois se tratar de um pedido de Dalí para que Garcia Lorca vá embora da Espanha com ele e Gala. Garcia Lorca recusa e os dois nunca mais se veriam depois daquele momento – pois o escritor tenta fugir para Granada, mas lá é preso por um deputado católico que disse que Federico Garcia Lorca “era mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”.


Na parte mais bela do filme (em que até o Robert Pattinson tá “bem”), Federico e outros são levados para um matagal e são fuzilados, em 1936. Salvador Dalí ouve a notícia pelo rádio. Ele estava em Paris, se não me engano, pintando um quadro no momento exato em que houve a notícia do aparecimento do corpo de Garcia Lorca. Foi a cena mais legal do filme, Dalí se abraçando na tela molhada e ficando com a cara toda cinza... enfim. Bonito, bonito.

O que no trailer parece ser um relacionamento quase a três - como em Três Formas de Amar – entre Salvador Dalí, Federico Garcia Lorca e Luís Buñuel, se afunilou, se transformando em uma história de amor entre os dois primeiros, em que o último só meteu a colher. O fato é: lendo as respectivas biografias descobri que, em 1942, Salvador Dalí publicou A Vida Secreta de Salvador Dalí, onde delatava as simpatias comunistas de Luís Buñuel, fazendo com que este fosse despedido de seu emprego no MoMA e entrasse para a lista negra da indústria cinematográfica americana.


Uma outra coisa boba, mas que me incomodou foi que, tudo acontece na Espanha, mas é claro todo mundo se comunica em inglês. Mas, na hora de Federico ler os poemas para Salvador, ele lê em espanhol e a minha impressão foi a de que o Robert estava traduzindo, como se fossem partes de suas lembranças. Acho que essa palavra me lembra alguma coisa! No final das contas não é um filme ruim – mas, Robert Pattinson, vai fazer um cursinho de teatro, vai filhote.

2 comentários:

  1. Cara, ainda não vi este filme, mas ouvi falar bastante dele principalmente falando da péssima atuação de Robert, mas tenho curiosidade em ver, por gostar de Dali e Buñel!

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  2. Hahahahaha!
    Sai daí Robert Pattinson!!!! Saudades!!!bjo

    Rachel*

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