Direção: Paul Morrison
Ano: 2008
Vou confessar uma coisa: o que me fez descobrir a existência do filme Little Ashes foi, sim, a presença de Robert Pattinson nele. Não sou fã dele, não. Na verdade, depois de ver os três lixos da saga Crepúsculo e o terrível e previsível Lembranças, resolvi que essa seria a última chance que eu daria ao Rob no quesito atuação. Até porque, vamos combinar, em Little Ashes ele é ninguém mais, ninguém menos que Salvador Dalí – e o que havia me incomodado nos outros filmes que eu vi com o sujeito, foi o fato de ele estar sendo sempre a mesma pessoa, com os mesmos trejeitos, “tenho uma revolta dentro de mim...”.
Long story short... o filme é bem legal; já a atuação do Robert, não. O filme começa contando sobre a chegada de Salvador Dalí em Madrid, 1921, indo estudar belas artes. Ele fica hospedado na mesma república em que estavam Federico Garcia Lorca e Luís Buñuel. A princípio, o filme tenta mostrar um pouco da estranheza já prematura de Salvador, o fato dele se acostumar com as novas amizades, a vida social desses artistas enquanto pessoas mesmo, pontuando essa boemia com o desenvolvimento de suas respectivas artes.
O passo seguinte do filme – e o ponto principal da história deste – é, se baseando em declarações posteriores de Salvador Dalí, recriar o romance, ou a amizade-romântica, ou o quase romance que Salvador teve com Federico. Este último era homossexual assumido, e o filme mostra um clima de sedução entre os dois – para, em seguida, mostrar um Luís Buñuel percebendo esta situação e tratando de afastar Dalí e Garcia Lorca. No Wikipedia, fuçando as biografias dos três personagens, o que é dito é que Luiz Buñuel afasta Dali de Garcia Lorca pois ele era extremamente homofóbico... mas, sabe o que o filme transmite? Um certo ciuminho da situação, onde, toda vez que Buñuel ia falar com Garcia Lorca, lá estava Dalí. E vice-e-versa.
Mas, resumindo isso aí, depois de um verão afastados – em que, tanto Dali quanto Garcia Lorca voltam para suas casas e se escrevem constantemente, explicitando saudades e relatando o quanto o outro estava servindo de inspiração para sua escrita/seus quadros. Quando eles voltam para a república, Luís Buñuel enfia na cabeça (já egocêntrica) de Salvador Dalí que este seria muito mais valorizado em Paris. Salvador resolve ir, Federico fica desolado e, a partir daí, o ator que fez o papel de Luís Buñuel praticamente ficou desempregado.
Enfim, o filme pula no tempo – de forma imperceptível pra arte, pois, tirando os bigodes de Salvador, não rolou nem uma maquiagenzinha envelhecedora – e se passam 8 anos, se eu não me engano. Salvador Dalí e Luís Buñuel filmam Um Cão Andaluz (1929), deixando Federico Garcia Lorca revoltado, pois ele acredita ser ele o cão – já que ele nasceu em Andaluzia. Vemos também Dalí conhecer sua futura mulher, Gala Éluard, mas o filme não mostra que, depois de conhecê-la, ele e Buñuel brigam no meio das filmagens de L'âge d'Or (1930).
Conforme o tempo vai passando vemos mais manifestações homofóbicas nas ruas de Madrid, indicando que a Guerra Civil Espanhola está para arrebentar. Dalí volta para Madrid e convida Garcia Lorca para uma reunião que, primeiramente, trata de negócios, para depois se tratar de um pedido de Dalí para que Garcia Lorca vá embora da Espanha com ele e Gala. Garcia Lorca recusa e os dois nunca mais se veriam depois daquele momento – pois o escritor tenta fugir para Granada, mas lá é preso por um deputado católico que disse que Federico Garcia Lorca “era mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”.
Na parte mais bela do filme (em que até o Robert Pattinson tá “bem”), Federico e outros são levados para um matagal e são fuzilados, em 1936. Salvador Dalí ouve a notícia pelo rádio. Ele estava em Paris, se não me engano, pintando um quadro no momento exato em que houve a notícia do aparecimento do corpo de Garcia Lorca. Foi a cena mais legal do filme, Dalí se abraçando na tela molhada e ficando com a cara toda cinza... enfim. Bonito, bonito.
O que no trailer parece ser um relacionamento quase a três - como em Três Formas de Amar – entre Salvador Dalí, Federico Garcia Lorca e Luís Buñuel, se afunilou, se transformando em uma história de amor entre os dois primeiros, em que o último só meteu a colher. O fato é: lendo as respectivas biografias descobri que, em 1942, Salvador Dalí publicou A Vida Secreta de Salvador Dalí, onde delatava as simpatias comunistas de Luís Buñuel, fazendo com que este fosse despedido de seu emprego no MoMA e entrasse para a lista negra da indústria cinematográfica americana.
Uma outra coisa boba, mas que me incomodou foi que, tudo acontece na Espanha, mas é claro todo mundo se comunica em inglês. Mas, na hora de Federico ler os poemas para Salvador, ele lê em espanhol e a minha impressão foi a de que o Robert estava traduzindo, como se fossem partes de suas lembranças. Acho que essa palavra me lembra alguma coisa! No final das contas não é um filme ruim – mas, Robert Pattinson, vai fazer um cursinho de teatro, vai filhote.
Cara, ainda não vi este filme, mas ouvi falar bastante dele principalmente falando da péssima atuação de Robert, mas tenho curiosidade em ver, por gostar de Dali e Buñel!
ResponderExcluirHahahahaha!
ResponderExcluirSai daí Robert Pattinson!!!! Saudades!!!bjo
Rachel*