Direção: Alfred Hitchcock
Ano: 1948
"O homicídio é uma arte, logo, o privilégio de cometê-lo deve ser reservado aos poucos que são realmente seres superiores. E as vítimas são seres inferiores sem importância".
Ontem revi esse filme maravilhoso, porque decidi escrever sobre os quatro filmes do diretor que contaram com a atuação de James Stewart: Festim Diabólico (Rope), Um Corpo que Cai (Vertigo), O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much) e Janela Indiscreta (Rear Window). Estes quatro filmes, curiosamente, fazem parte dos "chamados" Os Cinco Filmes Perdidos de Hitchcock, que também incluía O Terceiro Tiro (The Trouble With Harry). Pelo que eu entendi, por causa de problemas de direitos autorais, esses filmes ficaram muito tempo sem serem exibidos, e só foram relançados em 1984.
Festim Diabólico foi inspirado no caso Leopold-Loeb, dois jovens de 18 e 19 anos que mataram um adolescente de 14 anos, simplesmente para poderem provar que eram intelectualmente superiores e, por isso, poderiam cometer o crime perfeito. Essa "ideia" se baseava no conceito de super-homem criado por Nietzsche no livro Assim Falou Zaratustra. Este fala, basicamente, que, se você é um super-homem, você não precisa de Deus.
Este foi o primeiro filme colorido de Hitchcock, e foi todo realizado em planos-sequências que duravam de 4 a 10 minutos, e tem apenas uns 8 cortes. E a maioria desses cortes foi "falseado", onde o diretor buscava um ponto escuro de fuga (normalmente as costas de um dos personagens), fechando o plano lá e quando o reabria, já era um novo rolo. O objetivo era fazer como se fosse uma peça de teatro, contínua.
Segundo o roteirista, Arthur Laurents, a peça que serviu de guia para o roteiro do filme (Rope's End, de Patrick Hamilton), claramente falava de homossexuais, mesmo que ninguém falasse sobre isso na época - por causa, principalmente, da censura e da Igreja Católica. Mas para o próprio roteirista, o que importava não era isso, e sim o fato de eles serem homossexuais homicidas que, acima de tudo, dão uma festa para comemorar o assassinato, mesmo que os outros convidados não saibam disso.
Segundo o roteirista, Arthur Laurents, a peça que serviu de guia para o roteiro do filme (Rope's End, de Patrick Hamilton), claramente falava de homossexuais, mesmo que ninguém falasse sobre isso na época - por causa, principalmente, da censura e da Igreja Católica. Mas para o próprio roteirista, o que importava não era isso, e sim o fato de eles serem homossexuais homicidas que, acima de tudo, dão uma festa para comemorar o assassinato, mesmo que os outros convidados não saibam disso.
O filme começa com Philip (Farley Granger) e Brandon (John Dall) assassinando David (Dick Hogan). O colocam na arca que ficava na sala de estar do apartamento de Brandon, pois planejam jogar o corpo em um lago após a festa. Enquanto Brandon se sente confiante com o que acabaram de fazer, Philip se sente mal - até mesmo envergonhado. O que parece é que Philip foi na "onda" do plano de Brandon e agora não está muito certo se deveria tê-lo feito.
A festa que, segundo Brandon, seria a assinatura dos artistas - já que o crime também é uma arte e eles devem provar que são muito inteligentes a ponto de saírem impunes com o crime perfeito; deveria ser bem ousada. Com isso, ele tira os pratos e as velas da mesa de jantar e os coloca sobre a arca - assim, os convidados comeriam em cima do caixão de David.
Durante toda a festa Philip, que já está uma pilha de nervos, vai ficando mais tenso a cada segundo, ele tem medo de que as pessoas descubram; enquanto Brandon parece querer sempre levar a situação ao limite, conversando sobre assassinato com os convidados, expondo sua opinião sobre a teoria do Super-homem e, inclusive, privocando o próprio Philip com a hstória de que ele seria um ótimo estrangulador de galinhas.
Durante toda a festa Philip, que já está uma pilha de nervos, vai ficando mais tenso a cada segundo, ele tem medo de que as pessoas descubram; enquanto Brandon parece querer sempre levar a situação ao limite, conversando sobre assassinato com os convidados, expondo sua opinião sobre a teoria do Super-homem e, inclusive, privocando o próprio Philip com a hstória de que ele seria um ótimo estrangulador de galinhas.
Para Brandon, o ponto alto da noite seria a presença da pessoa que os ensinou o conceito de Super-homem, o professor Rupert Cadell. Segundo o roteirista de Festim Diabólico, Brandon e Rupert teriam tido um caso há algum tempo, e os sinais disso estariam nas conversas e na forma como Brandon quer sempre ter a "aprovação" do professor, que parece conhecê-lo intimamente - como quando comenta o fato de Brandon estar gaguejando, e que ele só o fazia quando estava nervoso. Mas, quando os dois jovens assassinos conversam sobre o professor, Brandon elogia sua excelente teoria, mas acha que Rupert seria incapaz de agir de acordo com o que pregava.
Ao longo do filme ouvimos diversos trocadilhos, vindos dos vários personagens presentes na festa - inclusive de Brandon e Philip - e somente eles dois e nós, os espectadores, os entendemos, já que também presenciamos o assassinato. Estes só servem para deixar Philip com mais medo de ser pego.
Com o passar da noite Rupert começa a desconfiar que algo está errado com a festa. David não aparece, seu pai já está muito preocupado, sua mãe liga o tempo todo, sua namorada está sendo empurrada para outro rapaz por Brandon, e Philip parece estar cada vez mais tenso com algo que ele não sabe o que é. Quando o professor fica sozinho com Philip na sala de estar, ele o interroga e nota o crescente nervosismo do rapaz. A partir daí Rupert passa a observar de perto o comportamento dos dois, principalmente o de Philip, e passa a fazer perguntas aos convidados e à empregada.
Nós, os cúmplices do crime, percebemos as expressões denunciadoras de Philip, e quase nos desesperamos também, pensando se, desta vez, o professor captará o que está acontecendo. O jovem quase se denuncia quando vê que os livros que Brandon deu ao pai de David estão amarrados pela corda que matou o rapaz.
A festa chega ao fim. David não aparece (e nós sabíamos que não iria, não é?), as pessoas vão embora preocupadas e, na hora em que a empregada vai entregar o chapéu de Rupert, ela o entrega o chapéu errado por acidente. O professor repara que o chapéu que lhe foi entregue continha as iniciais de David no fundo. Ele vai embora mas, após a partida da empregada - quando Brandon e Philip começam a se organizar para remover o corpo - Rupert volta com a desculpa de que esqueceu sua cigarrilha.
Philip está mais nervoso do que nunca, porque agora está certo de que Rupert sabe do crime. Brandon o acalma mas, por segurança, coloca sua arma no bolso, caso o professor de fato saiba alguma coisa. Depois de alguns momentos, algumas conversas, a arma vai parar na mão de Philip, mas Rupert consegue tirá-la dele, a arma dispara contra o chão. O professor, ao ouvir os motivos do crime dados por Brandon, se sente responsável por este também - já que, de certa forma, fomentou a ideia do crime perfeito em Brandon. Se envergonha dos conceitos que defendeu por tanto tempo.
Philip está mais nervoso do que nunca, porque agora está certo de que Rupert sabe do crime. Brandon o acalma mas, por segurança, coloca sua arma no bolso, caso o professor de fato saiba alguma coisa. Depois de alguns momentos, algumas conversas, a arma vai parar na mão de Philip, mas Rupert consegue tirá-la dele, a arma dispara contra o chão. O professor, ao ouvir os motivos do crime dados por Brandon, se sente responsável por este também - já que, de certa forma, fomentou a ideia do crime perfeito em Brandon. Se envergonha dos conceitos que defendeu por tanto tempo.
Ao ver a reação de Rupert, Brandon se sente confuso - pois esperava que, mesmo que o professor não fosse capaz de cometer pessoalmente o crime, admiraria a iniciativa do outro. De certa forma, ele esperava a aprovação de Rupert. O professor, derrotado moralmente, só tem uma coisa a fazer: abre a janela e atira várias vezes para fora do apartamento, e depois espera a chegada da polícia - que sabemos que está vindo pois ouvimos o som das sirenes aumentando.
Festim Diabólico fez muito mais sucesso na Europa do que nos EUA. Em entrevistas presentes no Making Of do filme, as pessoas atribuem o "fracasso" do filme não somente aos elementos já falados aqui, como a homossexualidade (que mesmo quê de forma sutil, estava presente) ou a linguagem diferenciada. Muitos acham que o papel que foi dado a James Stewart não combinava com a concepção que o público tinha dele - logo, não ficaram convencidos com o professor. Não sei, acho que não é o tipo de filme em que devemos perceber como cada personagem é intimamente e, diferente de muitos personagens do próprio Hitchcock, o professor não é alguém que facilmente poderíamos classificar de bom ou mau. E também por ter a imagem de "bom escoteiro", James Stewart quebrou um pouco o tom sexual do filme, já que não aparentava que tivesse tido uma relação com algum dos dois assassinos.
O filme também enfrentou muitas dificuldades técnicas, já que as paredes dos cenários deveriam ter a capacidade de se moverem - principalmente por não haverem cortes visíveis no filme; as câmeras que registravam em cores eram enormes, e precisavam justamente de muito espaço para se movimentarem, acompanhando os atores; os fios dos equipamentos, além de não aparecerem (obviamente), muitas vezes atrapalhavam os atores, que se movimentavam sem parar pelo espaço cenográfico, tendo uma câmera os acompanhando; fora os problemas de ensaios e tomadas perfeitas por, pelo menos 10 minutos, todos em perfeita sincronia....
Um humor negro povoa este filme diferente de tudo o que foi feito naquele tempo. E, por mais que não seja dos filmes favoritos de muitos fãs de Hitchcock, serviu para comprovar seu título de Mestre do Suspense - sempre inovando, tentando levar o espectador ao limite.
adorei o post! hoje mesmo eu tava tentando entender pq n gosto mto desse filme e acabei caindo aqui...
ResponderExcluiracho q tem a ver com a expectativa criada pela fama do filme, mas também com o james stewart mesmo, ele realmente não casou com o personagem
achei legal essa informação de que os assassinos seriam um casal... realmente faz sentido a cumplicidade se manter até o fim