18 de junho de 2010

VIDA DE SOLTEIRO, a.k.a. Já tenho meus próprios problemas; não me venha com os seus!



Direção: Cameron Crowe
Ano: 1992

Com a participação de pessoas conhecidas como Tim Burton, Paul Giamatti, Eddie Vedder e as bandas Soundgarden e Alice in Chains (quebrando tudo num pedacinho de show que me deixou morrendo de invejinha de quem pode ver a banda ao vivo), Vida de Solteiro fala basicamente da vida amorosa de um grupo de jovens moradores de Seattle nos anos 90.

Cameron Crowe é um diretor com uma capacidade incrível de criar as trilhas sonoras mais impressionantes (vide Quase Famosos). Aqui não é diferente. E a trilha sonora, assim como o pano de fundo do filme é o Grunge no seu nascimento. Seattle, shows de bandas iniciantes que tocavam em nightclubs undergrounds, e vários jovens cheios de dúvidas amorosas. Taí um resumão do filme.


Acho que Cameron foi muito feliz em não ser pretensioso – até quase o final do filme, onde ele fica bem piegas. O filme não tenta passar moral nenhuma, não tenta julgar as atitudes de nenhum personagem e ninguém é mocinho ou “bandido”. Vida de solteiro é dividido, de forma irreverente, em capítulos tais como: “Have fun. Stay Single” (Divirta-se. Fique solteiro) e A Teoria do Namoro Eterno. Ao mesmo tempo em que os capítulos pontuam a história, indicando o que pode acontecer, a história não se torna refém desses capítulos.


Janet, uma jovem de 23 anos, já se julga velha para realizar determinados sonhos, e se diz apaixonada pelo seu namorado músico – incluído no movimento grunge que está surgindo no local. Com o passar da história vemos que ele está, na verdade, cagando pra ela. E só começa a valorizá-la (que novidade) quando ela desiste dele. Em uma conversa com Steve, seu amigo, Janet diz que suas expectativas em relação aos homens diminuiu muito, tanto que agora a única coisa que ela espera é que, quando ela espirrar, sua “alma gêmea” responda – Saúde.


E esse mesmo Steve conhece Linda, eles começam a sair, vemos o lado de cada um deles, suas dúvidas, seus joguinhos, “ligo ou não ligo”, até que ela fica grávida. Eles resolvem ter o bebê, casar e sofrem um acidente. Ela perde o bebê. As inseguranças e dúvidas se transformam e eles terminam.



O legal do filme, no que diz respeito a relacionamentos, é que, no fim das contas, o que acontece não depende de um fator único. Cada um tem a impressão que mais lhe interessa sobre o outro, e parte das relações e de seus resultados está, sim, nas mãos do destino – como vemos na parte em que Steve liga para Linda, dizendo que quer voltar com ela mas que essa seria a última vez que ele ligaria; e quando ela chega em casa a fita da secretária eletrônica com a mensagem dele quebra e ela não consegue ouvir a mensagem do ex-namorado.


As escolhas nunca serão plenas e, às vezes, o que dizemos ao outro não é o que sentimos. E, frequentemente, depois que as palavras saem da nossa boca fica aquele vazio.


A linguagem de Vida de Solteiro é típica de vários outros filmes feitos nos anos 90, como Barrados no Shopping, Caindo na Real... e, sendo sincera, a gente fala tanto da moda dos anos 80 – apesar desta agora estar super em voga – mas a moda dos anos 90 também é bem assustadora, com seus cabelos cheios de resquícios do punk, as ombreiras e aqueles vestidos floridinhos que vão até o pé, e que algumas pessoas usavam ainda com um chapeuzinho de palha combinando. Cruzes!



Mas preciso confessar que ver este filme melhorou minha opinião sobre Cameron Crowe. Depois de ver o pior de todos, – Tudo acontece em Elizabethtown, que de bom só tem a trilha sonora – acompanhado de Jerry Maguire e Vanilla Sky, que me deprime tanto, foi bom ver um filme agradável e sem muitas pieguices do diretor.


Piegas foi só o final. Janet volta com Cliff (seu namorado músico) porque ele, previsivelmente, diz “saúde” quando ela espirra. E Linda derruba um prato e se lembra da vez em que um prato quebrou enquanto ela estava em um encontro com Steve, e vai atrás dele. Só faltou uma musiquinha pop e alguém correndo em direção ao amado pra virar Simplesmente Amor (que eu amo, mas que é piegas, piegas, piegas).


Tudo bem... O filme é muito bom, mas quando se trata de Cameron Crowe, Quase Famosos ainda é o favorito!!

Alice in Chains, muito amor!


Um comentário:

  1. Bom texto de um filme quase esquecido de um dos meus diretores favoritos...Do Crowe, realmente, o mais fraco é o Tudo acontece...

    Quase famosos deveria ter sido mais valorizado no Oscar e nas bilheterias, fazer o que, né? é uma pequena obra-prima!

    Abraço

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