17 de abril de 2010

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA, a.k.a. A paciência é realmente uma virtude!


Direção: Julian Shnabel
Ano: 2007

Baseado no livro escrito por Jean-Dominique Bauby, o filme conta sua história após sofrer um derrame cerebral, resultando em uma imobilidade física quase total, pois ele somente movimenta seu olho esquerdo.

Como outros filmes que utilizam essa linguagem subjetiva (por exemplo O Apaixonado Thomas, de Pierre-Paul Renders), O Escafandro e a Borboleta começa sob o ponto de vista de Jean-Dominique Bauby acordando no hospital. Sim, é incômodo ver a história sendo contada desta forma: pois já que somos o olho esquerdo de Jean-Dominique, quando ele pisca ou sua vista embaça, é isso o que vemos também. Fora o fato de que ele está deitado imóvel em uma cama de hospital – logo, tudo o que vemos está preso àquele ângulo.


A verdade é que nos sentimos limitados, aprisionados. E conforme o filme se desenvolve, adquirimos outros sentimentos que nos associam à Jean-Dominique. E também, porque não? - várias lições de moral. O principal, na minha opinião, é a força de vontade de Jean-Dominique: uma pessoa que adorava curtir a vida intensamente e agora se encontra nesta situação permanente, esta nova condição de vida, logicamente não se conformando com facilidade. Mas ele se permitiu não só aceitar sua condição, mas também ultrapassar alguns de seus novos limites.


E esse é o significado das duas palavras que nomeiam o filme; o escafandro, submerso e pesado, obrigando-o à sua imobilidade, representando sua nova condição física; e a borboleta, a liberdade que ele encontrou na sua mente, onde ele se permitiu voar livremente.

Mas além disso há um ensinamento mais amargo, que nos atinge deliberadamente. Somente após o derrame é que Jean-Dominique percebe tudo o que deixou para trás, todas as pessoas que afastou de sua vida, todos os momentos que desperdiçou. A mensagem do filme é muito clara e é fácil transferir os sentimentos e os pensamentos de Jean-Dominique para nós mesmos.


A delicadeza dos planos, as metáforas e as atuações estão de parabéns, principalmente Mathieu Amalric (que interpreta o personagem principal), que teve a chance não só de mostrar uma de suas melhores atuações (se não a melhor), como também de projetar sua carreira internacionalmente já que, após o lançamento do O Escafandro e a Borboleta, ele atuou na produção de 007 Quantum of Solace, de Marc Forster.

É um filme triste, belo e, pode-se dizer também que foge um pouco do convencional estilo cinematográfico francês (que é mais minimalista). E é, acima de tudo, muito bom ver mais um exemplo de um bom papel somado a um bom ator.

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