14 de outubro de 2010

DIGAM O QUE QUISEREM, a.k.a. A primeira nerd disputada do cinema americano!



Direção: Cameron Crowe
Ano: 1989

Ser jovem. Parece uma tarefa tão fácil, principalmente para quem já passou por todas as crises que o final da adolescência nos traz. E parece que Cameron Crowe, mais do que nenhum outro diretor que eu conheça, sabe captar essas dúvidas e inseguranças, transformando-as em questões universais para toda uma faixa etária.



O filme começa com Lloyd e duas amigas conversando sobre a formatura no colégio - que, ao mesmo tempo, é tão esperada e tão assustadora - e Lloyd fala de seu interesse em Diane Court, a menina-gênio da sua sala, distante de todos, que vive para estudar e garantir o seu futuro. E ele, um garoto de 19 anos que não quer fazer faculdade nem se preocupar com o que fazer da vida; o máximo que ele se vê fazendo é participar de lutas de kickboxing.



A formatura traz uma Diane insegura, ensaiando o discurso com seu pai - desde já apresentando uma relação de amizade entre os dois - e apresenta alguns outros personagens. Um dos alunos anuncia uma festa em sua casa e Lloyd percebe que essa é a última chance que tem de sair com Diane, antes que ela vá para a faculdade na Inglaterra. Ele liga, ela não está em casa, ele deixa um recado desajeitado com o pai dela... e ela liga de volta. Mas, com um porém, ela não se lembra dele e só aceita ir na festa porque ele insiste muito e, como ela conta para alguém que a pergunta porque ela saiu com Lloyd Dobler: "Porque ele me fez rir".



Sim, o filme tem milhões de clichês! Diane e Lloyd começam um relacionamento mesmo sabendo que ela deve viajar para a Inglaterra em algumas semanas, se apaixonam, o pai de Diane a aconselha a terminar o namoro quando a menina apresenta dúvidas em relação à faculdade, eles terminam e vemos um John Cusack deprimido depois de um pé na bunda - o que me lembrou seu melhor papel no mundo: Rob Gordon em Alta Fidelidade. Depois disso, quando o rapaz começa a seguir em frente, o pai de Diane é acusado de crimes envolvendo sua empresa (fraude, sonegação...) e a menina vai atrás de Lloyd à procura de uma segunda chance - e Lloyd fala mais uma de suas pérolas:

"Você está aqui porque precisa de alguém, ou está aqui porque precisa de mim? Esqueça, eu não me importo".



Como pano de fundo do relacionamento entre Lloyd e Diane, está o relacionamento entre Diane e seu pai. Vemos na tela uma relação repleta de expectativas em relação ao futuro da menina - ela deve conquistar uma bolsa de estudos para um boa faculdade pelos dois, e não somente por ela. E, é lógico que o namoro de Diane com Lloyd aciona um alerta na cabeça do pai, principalmente depois que ele percebe que o rapaz não possui nenhum plano de vida. A unica coisa que ele sabe é que:



"Eu não quero vender nada, comprar nada, ou processar nada como profissão. Eu não quero vender nada comprado ou processado, ou comprar algo vendido ou processado, ou processar algo vendido, comprado ou processado, ou consertar algo vendido, comprado, ou processado. Você sabe, como profissão, eu não quero fazer isso".



Outros dois diálogos muito bons e que marcaram tanto quanto a breve cena em que Lloyd segura um som portátil na frente da casa de Diane e põe Phil Collins para tocar, são:
"Ela me deu uma caneta. Eu lhe dei meu coração... e ela me deu uma caneta" (Lloyd - quando Diane termina com ele e, de fato, lhe dá uma caneta - como lhe aconselhou seu pai); e



"O que eu realmente quero fazer da minha vida - como meio de vida - é que eu quero estar com a sua filha. Eu sou bom nisso" (Lloyd - quando visita o pai de Diane na cadeia e avisa que está indo com ela para a Inglaterra).



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