5 de abril de 2011

DE REPENTE NO ÚLTIMO VERÃO, a.k.a. Fuja da multidão espanhola!

“Perca seus pais e você é um órfão. 
Perca seu único filho e você é... nada”


Direção: Joseph L. Mankiewicz
Ano: 1959

Preconceito é uma droga mesmo. Eu tinha uma impressão muito equivocada de Katherine Hepburn. Pelas fotos que vi, sempre a achei muito masculinizada. Até começar a ver seus filmes.

No primeiro que assisti A Costela de Adão – em que ela faz par com o seu amor da vida real, Spencer Tracy – não pude deixar de ver o quanto ela está divertidíssima e extremamente feminina ao defender o direito das mulheres dentro e fora de um relacionamento. Seu timming está perfeito em TODAS as cenas. Depois dele, outros vieram para reforçar a minha nova visão sobre a atriz – Adivinhe Quem Vem para Jantar (também com Spencer Tracy) é maravilhoso!


Em De Repente no Último Verão, ela já está mais velha, mas sua voz fina e sua pose de dama suprema mataram toda impressão de que ela era meio abrutalhada para mim. Nossa, que atriz. A cena em que ela alimenta uma planta carnívora usando luvas brancas e com o dedo mindinho levantado é de uma delicadeza só.

John Cukrowicz, um neurocirurgião interessado em conseguir recursos para o hospital onde trabalha, conhece Violet Venable, uma rica senhora da aristocracia que quer mandar fazer uma lobotomia em Catherine Holly, uma sobrinha supostamente acometida de crises de loucura. Na verdade Violet teme que Catherine revele a homossexualidade de Sebastian, o filho de Violet, que morreu de forma violenta na Espanha.


O filme começa e logo nos deparamos com uma cena enorme (em que o doutor conhece Violet), que tinha tudo para ser sacal. Mas o diálogo é belamente conduzido por Katherine Hepburn e Montgomery Cliff não fica atrás (enquanto eu via o filme, pensava que este não deveria ser um dos melhores dele – e realmente não era, ele estava em uma péssima fase: drogas e álcool).

Temos o eterno dilema ética x dinheiro – nós sabemos, e o doutor parece estar ciente também, que o dinheiro que ele precisa para continuar suas pesquisas no hospital custará muito caro! O começo do filme me lembrou muito o clima de Crepúsculo dos Deuses. E, ao conhecer melhor a sobrinha “louca” de Violet, o médico percebe que as coisas não são exatamente como parecem.




O filme, baseado na obra de Tennessee Williams, tinha um teor forte demais para o 'costume cinematográfico' da época. E neste, a homossexualidade tem uma importância muito grande e, ao mascará-la (já que ninguém podia saber que o filho de Violet era gay), a história perde muita da sua intensidade. É como se as cenas finais ficassem mais vazias.


Apesar deste buraco deixado pela censura, as cenas com Katherine Hepburn e Elizabeth Taylor valem por todo o filme. É uma batalha de titãs, sem brincadeira. E cada uma tem seu momento de glória – nos provando o porquê de terem se tornado eternas na história do cinema.

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