13 de dezembro de 2010

CIDADE DAS SOMBRAS, a.k.a. Por essa nem Buñuel esperava!



Direção: Alex Proyas
Ano: 1998

John Murdock acorda em um quarto de hotel sem se lembrar de quem é - e muito menos de como foi parar ali. Em um filme onde a noite é eterna e estranhas criaturas - com o poder de mudar a cidade e a personalidade das pessoas que nela vivem, à princípio ficou um pouco confuso para mim saber o porquê de tanta comparação com Matrix (1999).

Procurei na internet e achei algumas referências ótimas - além da "comparação" óbvia, que é perguntar ao espectador a seguinte questão: e se a realidade que você vive de fato não for a realidade? E isso é o que o personagem principal do filme descobre: que as lembranças que ele tem muito provavelmente não são dele, já que os tais seres alteram as memórias de algumas pessoas de cada vez, com um único objetivo - encontrar a alma humana.


Mas, onde será que fica essa essência tão incompreendida? Isso é algo que eu não me lembro - a gente, depois da história toda, fica sabendo do porque dessa procura? Enfim... Voltando aos blogs e sites que li procurando por algumas referências e comparações, descobri que Cidade das Sombras não é comparado só com Matrix não, os outros citados são O 13º Andar e Amnésia. Algo a ver com idéias abstratas e realidades simuladas... OK.


Uma questão, como podemos dizer, "interessante" no filme é a questão de o herói - sim o John Murdock, que acordou peladão no quarto de hotel ("como se estivesse nascendo naquele momento") - possuir esse mesmo poder de alterar a cidade, seus prédios, a localização das coisas. Ele também consegue moldar a cidade que, na verdade, nada mais é do que o fruto da imaginação do seres lá - que no filme são os Strangers. Mas com uma diferença: ele também possui o que os estranhos querem e não tem - uma alma! Essa é uma questão tão simples, que explica de uma forma fácil o porque do herói ser "melhor" do que os vilões. Mesmo com a história mirabolante e até meio confusa, a verdade é que a base do filme está nesse detalhe: ele é a soma dos dois lados - ele tem o poder dos estranhos e é humano, logo ele é o "escolhido"?!?!


Mas, vamos combinar, eles se esforçaram para agradar a todos: temos referências de filme de terror clássico (Nosferatu, ou qualquer outro filme expressionista alemão), terror nem tão clássico assim (Hellraiser), toques de filmes Noir da década de 1940, Art Noveau, Alienígenas, o romance que não podia faltar entre o protagonista e a Jennifer Connelly, uns toques Kafkanianos (à la O Processo, talvez?) e uma referência bem forte a Platão - com a sua alegoria da Caverna, e seus presos que não sabem que estão em uma prisão, assim como os moradores da cidade não sabem que estão em uma cidade recriada no meio do universo, muito menos que as pessoas que eles são hoje provavelmente não eram as mesmas que eles eram ontem. Doidera pura.


O filme ganhou alguns prêmios, mas não emplacou nos cinemas. Eu sinceramente entendo o porque, achei o filme muito chatinho. Mas li uma trivialidade bem legal no Wikipedia: O nome do personagem do Kiefer Sutherland (Daniel P. Schreber) foi baseado no nome do paciente cujo caso foi o mais famoso do Freud - Daniel Paul Schreber, um juiz alemão que sofria de narcisismo, paranóia e possível esquizofrenia - não que essas características tenham algo a ver com o personagem. Teriam se, no final do filme, tudo fosse obra da cabeça dele, né?

E eu me pergunto, o que eu faria se pudesse controlar o mundo onde eu vivo?

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