12 de fevereiro de 2011

CHÉRI, a.k.a. Panela velha é que faz comida boa!



Direção: Stephen Frears
Ano: 2009

Chéri é o filho calado e mimado da cortesã aposentada Madame Peloux. Léa é também uma cortesã, que acaba de se aposentar. As duas eram rivais, mas se tornaram amigas. Madame Peloux, preocupada com o filho, pede para que Léa converse com ele, tente colocar algum "senso" dentro de sua cabeça. Os dois acabam viajando para a casa de Léa na Normandia e lá iniciam um romance, mesmo sabendo que esse não duraria muito. Seis anos depois, para a surpresa de todos, os dois ainda estão juntos. Mas Madame Peloux tem uma surpresa para Léa: arranjou uma noiva para Chéri - a filha de uma outra cortesã conhecida por elas.


As cores e a fotografia possuem um tom bucólico. Chéri, com a ingenuidade de seus 25 anos, espera ser o último amante da mulher, quer que ela sofra e definhe com a despedida dos dois. Já Léa aprendeu muito com a vida. As suas relações amorosas sempre estão destinadas a terem um fim. Ela tem uma postura muito maternal para com Chéri e sabemos que tal postura já existia antes mesmo de eles se tornarem amantes - pois Léa ajudou a criá-lo. Mas agora também se apaixonara por ele.

Madame Peloux nos passa a impressão de tentar, através do filho, conseguir um padrão familiar que não conseguira por si mesma - por ter sido cortesã. Ela flerta muito mais com a ideia de fazer parte de uma família, virar avó, do que com a felicidade de Chéri. A aposentadoria tem outro efeito para Léa, que aceita e almeja os momentos de solidão que estão por vir, compactuando com o estilo de vida que a espera.



E é do ponto de vista dela que vemos uma sociedade que chega a ser cômica. O maior exemplo é quando se reúnem no jardim de Madame Peloux a Baronesa - vivida pela Drag Queen Bette Bourne; Madame Aldonza, que não pára de falar dos seus dias de glória de forma claramente exagerada; e o casal Lili e Guido - ela, uma cortesã de mais de 40 anos - ele, um garoto de, no máximo, 17.

A narrativa me lembrou justamente os filmes franceses (o filme se passa na França de antes da 1ª Guerra Mundial), em particular O Fabuloso Destino de Amélie Poulin. A trilha sonora brinca com os personagens: ao mesmo tempo jocosa e fabulosa. Vemos também uma arte estupenda: as cores vivas do jardim de Madame Peloux; a casa sóbria e refinada de Léa; figurinos magníficos que, combinados com a beleza e a figura longilínea de Michelle Pfeiffer, ficam ainda melhores. As roupas são tão lindas e vibrantes, que parece que se encostarmos a mão na tela, poderemos sentir o tecido.


A verdade é: Michelle Pfeiffer está uma Diva. Seu rosto, sua pose, seus cabelos, sua atuação - tudo na mais fina classe - linda!
Ela transmite com delicadeza os sentimentos de Léa, seu amor perdido e a dificuldade que a cortesã tem de envelhecer (por ter vivido sua vida inteira por causa de sua aparência). Nunca achei a atriz um diferencial de atuação... mas, neste filme, a estrela absoluta é ela!

E o amor. Este, que é sempre um jogo de aparências. E quem entenderia isto melhor do que uma cortesã?

(Sedução não conhece idade)

Nesta entrevista, o diretor fala por alto da noção de beleza que o filme deveria ter, entre outras coisas.

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