5 de janeiro de 2011

O DIA EM QUE A TERRA PAROU, a.k.a. Todo mundo se mete na vida de todo mundo!



Direção: Robert Wise
Ano: 1951

Os filmes da década de 1950, inclusive os de ficção científica, obedeciam à regra da narrativa clássica - onde a história é apresentada e os personagens são definidos, deixando-nos poucas surpresas em relação às atitudes destes rumo ao fim do filme. Ressalto o gênero Ficção Cinetífica porque, apesar de terem uma liberdade maior - por tratarem de assuntos mais "incomuns"-, dá pra perceber sempre uma inspiração, ou seria melhor dizer, uma alfinetada em situações reais que estavam ocorrendo na época. Foi assim com Invasores de Corpos em 1978. E é isso o que também vemos em O Dia em que a Terra Parou.

Uma nave espacial aterriza em Washington, causando curiosidade e especulações entre a população. E, ao se depararem com tal objeto estranho, reagem com violência àquilo que os causa medo - logo no começo, quando somos apresentados ao personagem de Klaatu, este leva um tiro ao tentar entregar um objeto que trouxe como oferta de amizade ao Chefe do Estado. Este primeiro ato de violência humana resulta na aparição do robô Gurt, cuja primeira ação é derreter todas as armas presentes ao redor da nave. Mais um motivo para que o povo fique extremamente apreensivo.



O filme se desenrola, Klaatu foge do hospital para onde fora levado, e o que ele quer mesmo é se reunir com todos os chefes de Estado do planeta Terra, mas estes não se mostram dispostos à ajudar. O alienígena se esconde em uma pensão, onde faz amizade com um menino chamado Bobby - e aí nós, espectadores, somos apresentados aos demais personagens-chave da história: a mãe de Bobby e seu namorado, Tom. Por se tratar de uma época mais inocente (embora já tão paranóica como a que vivemos), fica fácil acreditar que a mãe de Bobby deixaria o menino passear por Washington com o Sr. Carpenter (Klaatu), mesmo só o conhecendo há um dia. E será ela a grande responsável por todos os acontecimentos finais, pois é uma das únicas que acredita nas boas intenções de Klaatu.

O filme, na verdade, é sobre a prepotência humana. Klaatu vem de um planeta cujas tecnologias são bem mais avançadas, e sua preocupação é com o universo. Nós, que nos achamos tão evoluídos e tentamos, com tratados e mais tratados, simular uma paz mundial, parecemos não ter a sabedoria de perceber que não é possível pregar a paz no mundo e, ainda assim, permitir tantos atos de violência - como o que mais chama a atenção do alienígena: o avanço tecnológico em armas e bombas. E é com violência que ele ameaça os humanos, pois "esta parece ser a única coisa que seu povo entende".



Mas será que mesmo com as ameaças de destruir o planeta Terra caso este não se comprometesse em terminar com a violência, como outros planetas ja haviam feito, o filme atinge seu objetivo? - de questionar se a violência só terminará com mais ameaças de violência, ou se as pessoas conseguirão perceber o contra-senso que essa situação representa?

Li que, logo no começo do filme, quando um dos personagens insinua que não há alienígenas e sim humanos ameaçando os americanos, o filme se referia à União Soviética; é claro, não poderia faltar aquela critica à URSS né? Mas o que se mantém atual para mim, e talvez por isso o filme tenha ganhado sua refilmagem, é a necessidade de uma reeducação no nosso comportamento, perceber que essa onda de violência (ainda presente, mesmo 60 anos depois do filme ser lançado) só nos levará à auto-destruição. E foi preciso que um estrangeiro nos mostrasse isso.

E, segundo o Wikipedia, "A frase "Klaatu barada nicto" foi usada em vários filmes e produtos da cultura pop, entre eles Close Encounters of the Third Kind, Tron e Guerras das Estrelas — os guardas de Jabba the Hutt chamam-se Klaatu, Barada e Nicto."

Um comentário:

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