BULLY, a.k.a. Nunca chame seu amigo fofoqueiro para um assassinato!

Direção: Larry Clark
Ano: 2001

Tenho uma relação de ambiguidade no que diz respeito à Larry Clark. Assisti KIDS uma infinidade de vezes, e sempre me surpreendo. Mas, a experiência de ver KEN PARK deixou o diretor em má conta comigo. Achei o roteiro fraco, principalmente na história em que o adolescente mata os avós e depois... enfim. Não gostei. Então, depois disso, quando penso no diretor, acabo discriminando seus filmes. Para mim, há o fabuloso Larry Clark diretor de Kids; e o pretencioso Larry Clark, diretor de Ken Park. Resolvi assistir BULLY para "desempatar" o score do diretor na minha cabeça. O lado fabuloso acabou ganhando mais um ponto, apesar de reconhecer que Bully não é nenhuma obra-prima.

Mas uma coisa é certa: não há inocência alguma nos adolescentes de Larry Clark.

Bully retrata uma história real, ocorrida em 1993, na Flórida. Em 1998, tal história virou livro (Bully: a true story of Highschool revenge). O filme de 2001 conta a história de um garoto (Bobby Kent), que é um escroto - como o nome já diz (cujo termo está super na moda), um bully. E todos os seus "amigos" se juntam, convidando outros adolescentes que nem tem nada a ver com a história, para ajudar a matá-lo.

Parando para pensar, acho que Larry Clark alcançou um novo patamar na alienação e na falta de senso desses jovens - matar Bobby Kent se tornou nada mais do que um evento social no calendário deles. E esses jovens são despreocupados, cool, não levam desaforo para casa (e, se levam, reagem bem a isto) - mas a crítica está lá: eles são um futuro egoísta e abandonado à própria sorte - não precisando, na maioria das vezes, encarar as consequências dos seus atos. É muito mais fácil se livrar de Bobby do que se impor a ele. E o fato de justo ele ser o único a ter uma chance de futuro melhor, indo para a faculdade, reforça a ideia de que a única maneira de pará-lo é o matando.

De tempos em tempos surge um destes filmes sobre a juventude americana que acaba sendo um tapa na cara da sociedade (vide o próprio KIDS, de Larry Clark ou ELEFANTE, de Gus Van Sant), e Bully, por mais que seja o filme mais "comercial" do diretor, não é diferente. Mesmo não tendo o mesmo impacto dos outros dois exemplos citados anteriormente. É, realmente o filme não é nenhuma maravilha, mas nos faz pensar.

E o elenco, simplesmente fantástico!

Video muito legal do diretor falando sobre a sua juventude e, de certa forma, até justificando o porque do tema dos seus filmes. Ele fala do Bully também!